Suzane: assassina e manipuladora - Resenha crítica - Ulisses Campbell
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Suzane: assassina e manipuladora - resenha crítica

Suzane: assassina e manipuladora Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Biografias & Memórias

Este microbook é uma resenha crítica da obra: 

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-85-8230-617-8

Editora: Matrix

Resenha crítica

Crime e sedução 

O assassinato dos pais de Suzane von Richtofen assustou pela brutalidade. Na época, muita gente ficou comovida ao ver a jovem de cabelos loiros e barriga chapada se debulhando em lágrimas no enterro de Marísia e Manfred. A comoção pela crueldade do assassinato foi o assunto do momento por todo o país. 

Quando vieram à tona os planos da própria filha de dar fim a quem lhe pôs no mundo, o choque coletivo foi grande. Ela confessou ter planejado que seu namorado, Daniel Cravinhos, juntamente com o irmão, Cristian Cravinhos, matassem o casal enquanto dormiam. 

E o autor, Ulisses Campbell, deixa claro o quanto a frieza e o poder de manipulação de Suzane foram fundamentais para a criação da imagem de filha sofredora, comovendo milhões de pessoas pelo país. Esse mesmo poder foi usado para que os irmãos cometessem um crime tão brutal e chocante. 

A capacidade de dobrar todos à sua volta para que fizessem suas vontades, mesmo as mais inacreditáveis e sem limites, é a gênese de Suzane, ainda hoje, depois de presa. E precisa ser analisada por quem busca entender um crime tão grave.

Encontro de almas

Segundo Daniel Cravinhos, ele foi o primeiro a ser manipulado. Em 1999, o irmão caçula de Suzane, Andreas, ganhou um avião para praticar aeromodelismo. Os dois pertenciam a uma família muito rica, influente e com bons contatos na política brasileira. 

No Parque Ibirapuera, Daniel conheceu Andreas e virou seu instrutor, já que acumulava premiações nacionais e internacionais de aeromodelismo. Pouco tempo depois, com 19 anos, começou um relacionamento com Suzane, de 16. Segundo ele, foi a segunda opção da garota, que na verdade investia seu poder de sedução em outro rapaz, mais forte e charmoso, mas que nunca lhe deu bola. 

Para os pais de Suzane, o namoro era apenas uma fase e por isso não se incomodaram ao saber do relacionamento com o rapaz mais pobre. Mas os dois sentiam um verdadeiro encontro de almas, que virou uma obsessão doentia. Eles se viam todos os dias, faziam juras de amor eterno, trocavam cartas apaixonadas e diziam que se fossem obrigados a se separarem, eram capazes de se matar. 

Com o passar do tempo, Suzane chegou a se ausentar das aulas no curso de Direito da PUC para encontrar o namorado, a quem sustentava com o dinheiro recebido da mesada dos pais. Depois que ela o presenteou com um carro, Marísia e Manfred começaram a se opor à relação. Para se safar, Suzane chegou a acusar o pai de manter uma amante, tentando abalar o casamento e prosseguir com seu próprio namoro. 

Sem sucesso, concluiu que só havia um meio de levar sua paixão adiante: assassinando os pais. 

O plano

Quando ouviu a ideia da namorada pela primeira vez, Daniel concordou. Depois, percebeu a gravidade e quase desistiu. Para convencer seu amor a cumprir o combinado, Suzane chegou a dizer que desde a infância era abusada sexualmente por Manfred.

A revolta de Daniel foi tão grande que ele acabou compartilhando a história com o irmão mais velho, Cristian, que aceitou ser cúmplice. Os dois produziram porretes artesanalmente com as ferramentas usadas no aeromodelismo. Com elas, deram fim à vida de Marísia e Manfred em 31 de outubro de 2002. 

Era noite quando Daniel, Cristian e Suzane deixaram Andreas em uma lan house e seguiram para a mansão onde a família Richthofen morava. Toda a ação foi coordenada pela garota. Ao ver os pais dormindo, sinalizou que podiam entrar no quarto. 

Daniel matou Manfred e Cristian assassinou Marísia. Foram sucessivas pancadas utilizando os porretes. A mãe de Suzane levou cerca de 20 violentas pauladas, enquanto seu pai foi espancado por 10 vezes seguidas. Devido à falta de habilidade dos Cravinhos para cometerem um crime desse porte, o casal agonizou até morrer, enquanto a filha esperava na sala pelo fim, de maneira impassível. 

Depois do crime cometido, Suzane e Daniel aproveitaram uma noite de sexo e maconha na suíte presidencial de um motel. Ali, também comemoraram o aniversário de 19 anos dela. 

Máscaras caindo

Agora que passamos da metade deste microbook cheio de crueldade, é importante deixar claro como o plano de Suzane foi descoberto. Em um primeiro momento, a cobertura da mídia foi expressiva, colocando-a como a órfã sofrida depois de um crime tão brutal. Quem poderia imaginar tamanha sordidez?

Até que os irmãos Cravinhos foram pegos. Muito por culpa de Cristian, que correu para uma concessionária cheio de dólares e comprou uma moto nova à vista. Para suas condições de vida, era uma transação muito estranha e isso gerou desconfiança de vizinhos e autoridades. 

Então, o pior pesadelo para Suzane e Daniel aconteceu: os dois tiveram que se separar. Um marco foi a carta enviada por ele, em que dizia esperar que a ex-namorada apodrecesse na prisão, acusando-a de ser manipuladora ao perceber que a partir dali era cada um por si e Suzane tentando controlar todos à sua volta. 

Sexo e dissimulação

Depois de ser desmascarada e presa, Suzane percebeu o quanto o poder de sedução poderia ser usado a seu favor na prisão. A primeira tentativa foi com João, médico no posto de saúde da Penitenciária Feminina da Capital. O caso não foi para frente, já que ele se assumiur homossexual. 

A partir daí, ela passa a refletir sobre a possibilidade de ter relações com mulheres. Nas primeiras penitenciárias em que esteve presa, chegou a ser forte conselheira de colegas de cela, mas os relacionamentos não iam além da amizade. 

Ao ser transferida para o presídio das famosas, como é conhecida a cadeia de Tremembé, começou um relacionamento com Sandrão, a presa mais poderosa dali, ex-namorada de Elize Matsunaga, que matou e esquartejou o marido, então presidente da Yoki. O relacionamento de Suzane começou a partir da sedução durante partidas de xadrez. Depois, as duas foram transferidas para uma ala destinada a casais, garantindo assim mais privacidade. 

Era o meio encontrado pela assassina dos pais de se proteger dentro da cadeia. Sandrão chegou a fazer o papel de empresária da companheira. Foi ela quem negociou a entrevista exclusiva com o apresentador Gugu Liberato, que renderia 100 mil reais para Suzane e 20 mil para Sandrão. 

O programa do apresentador da TV Record ficou na liderança da audiência e chegou a presentear Suzane com três máquinas de costura como gratidão pela entrevista, dando a oportunidade de terem uma profissão depois do cumprimento da pena. Os equipamentos causaram brigas entre as duas, Suzane abriu mão deles e ainda deu um calote na ex-companheira, ficando com os 120 mil reais pagos pela entrevista. 

Quanto aos irmãos cúmplices, Cristian Cravinhos trocou o relacionamento duradouro com uma bancária por um colega de cela. Já Daniel está em liberdade e casado com uma biomédica filha de uma agente penitenciária. 

Suzane Richtofen hoje 

Atualmente, a assassina e manipuladora se diz casada e curada. Depois de terminar o relacionamento com Sandrão, se envolveu com Rogério Olberg, irmão de uma amiga presa por pedofilia. 

Volta e meia, é possível ver Suzane causando indignação ao surgir no noticiário saindo da cadeia em feriados como os de dia dos pais ou das mães, já que cumpre pena em regime semiaberto. 

Como não tem familiares ou amigos fora da cadeia para passar um endereço fixo à justiça, ela se aproveitou de Rogério, a quem visita nos feriados em que tem a oportunidade de sair do cárcere. Suzane diz ter se tornado evangélica e cogita seguir carreira como líder religiosa, dedicando-se à sua nova família. 

Fora os 120 mil reais pagos por Gugu Liberato, ela também herdou um apartamento estimando em 1 milhão de reais de sua avó, que a perdoou dos crimes cometidos. Há boatos também de duas contas bancárias mantidas em bancos suíços, criadas por Manfred no nome da filha, como forma de lavar dinheiro público durante a construção do Rodoanel, projeto no qual o engenheiro esteve envolvido. 

Mesmo quase 20 anos depois do crime que chocou o Brasil, Suzane ainda atrai o foco da mídia. Em 2020, dois filmes sobre o crime cometido por ela seriam lançados nos cinemas nacionais, mas acabaram adiados devido à pandemia. Por mais chocante que pareça, há perfis em redes sociais de fãs enaltecendo-a. Pelo visto, Suzane segue manipulando multidões.

Notas finais 

O caso Richtofen foi um marco na história da criminalidade brasileira. E também na cobertura midiática, em que a brutalidade de uma filha sem escrúpulos desaguou em um dos assassinatos mais cruéis já vistos no país. O trabalho de Ulisses Campbell deixa claro o quanto a sedução é uma marca na vida de Suzane. Dos planos com o namorado às manipulações dentro da cadeia, ficou nítido: Suzane é ardilosa e persistente.

Dica do 12min

Outro bom microbook para se debruçar sobre os bastidores e métodos de um criminoso, este do mundo financeiro, é O lobo de Wall Street

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Quem escreveu o livro?

Jornalista, Ullisses Campbell nasceu em Belém do Pará. Atuou nos jornais A Província do Pará, O Liberal, Folha de São Paulo e Correio Braziliense. Na Editora Abril, passou pelas revistas Superinteressante e Veja. Atualmente... (Leia mais)

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